De vez em quando aparece na nossa caixa de correio electrónico o rosto de alguém que desapareceu e pedem para reencaminharmos a mensagem. Ficamos sempre a pensar na veracidade da questão e o que acontece é, em muitos casos, reencaminharmos a mensagem e podemos ir dormir, pois cumprimos o nosso dever de poder continuar a corrente de divulgação de pessoas desaparecidas, outras vezes, fazemos um delete e continuamos o trabalho (às vezes com o remorso de, a ser verdade, não termos reencaminhado a dita mensagem.
Aqui há dias recebi uma dessas tais mensagens e questionava-me sobre a sua veracidade. Quem idóneo poderia confirmar??? ...pois. Consultei, por isso, a página oficial da Polícia Judiciária e fiquei, deveras, impressionada, preocupada, desconfortável. O rosto de 123 pessoas desaparecidas estampavam-se ao longo de 11 páginas. Uns mais mediáticos do que outros, mas eles lá estavam, desfilando no seu silêncio, quem sabe se com outras vidas, quem sabe se sem ela. Cada um com uma história, cada um com uma família que os busca.
Sei o que é sentir a dor de perder alguém, de sentir a perda, mas sei o motivo, a causa, o que aconteceu, contudo, não consigo imaginar o que é sentir a perda de alguém que desaparece e de quem mais nada se sabe. Quem os busca continua na sua interminável jornada, à espera de uma memória, uma notícia, um sinal de onde estão.
Ficam aqui os rostos, quem sabe se alguém os vê, é só uma questão de ficarmos atentos. O resto? A decisão é de cada um.
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