A rodagem pelas memórias leva-me aos recônditos da música celta e a uma cultura onde as fadas, os duendes e druidas convivem na fantasia de uma Irlanda de luta. Tendo passado pelo nosso Portugal, e aqui deixado vestígios muito consistentes, dos celtas ficaram algumas das suas tradições culturais, sobretudo a norte do país, onde a Citânia de Briteiros (Guimarães) é um bom exemplo. Centrados além raia, como nas Astúrias, Léon, Galiza (Monte de Santa Tecla), Euskal Herria ou em Zamora, os castros e os recintos fortificados dos celtas realçam o seu lado guerreiro que o filme «O Senhor dos Anéis» protagonizou. Não sendo propriamente um povo unificado (falaria, sobretudo, de tribos e não de povo) conseguem uma união de identidade que os torna exclusivos. Mas o imaginário centra-se na Irlanda onde Colla, um rei irlandês, foi exilado para as ilhas escocesas, deixando Ir-Land - a Terra de Ir (tradução livre) - ao seu filho mais novo. Por outro lado, Scota, mãe de Heremon e de Heber, originou o nome da ilha escocesa, e um dos primeiros nomes da Irlanda, pelo que aos escoceses era-lhes dado o nome de Scots ou Scotti. A sua estória perdurou através da oralidade e hoje os vestígios centram-se na Ir-Land. De uma forma mítica é a voz da floresta que une Homem-Terra, como a árvore simbolicamente sustenta o telúrico. As danças feéricas, tão intoleradas pelo catolicismo, foram subalternizadas ao secretismo e a ideia do ocultismo ou do mítico solidificava-se à revelia das imposições. O imaginário mundo celta petrifica na lenda do Rei Artur e na busca do Santo Graal... E ao som de uma música, surgem na memória histórias de outros tempos, não de uma forma nostálgica, mas numa perspectiva de compreender os mundos que não são deste reino.
Em outubro é dia de...
Há 12 anos
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