> cravoRosa: Foram Sete de Uma vez #2 versão adaptada dos Contos Tradicionais

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Foram Sete de Uma vez #2 versão adaptada dos Contos Tradicionais



Dona Selecção


Era um jogador muito poltrão, que estava jogando no estádio; como ele tinha medo de tudo, o seu gosto era fingir-se de valente. Vai de uma vez viu muitos matraquilhos juntos e de uma pancada rodou sete. Daí em diante não fazia senão gabar-se:
- Eu cá rodo sete de uma vez!
Ora o treinador andava muito aparvalhado, porque lhe tinha abalado na guerra o seu capitão Dom Caio, que era o maior valente que havia, e os jogadores adversários já vinham contra ele, porque sabiam que não tinha quem mandasse a combatê-los. Os que ouviram o jogador andar a dizer por toda a parte: “Eu cá rodo sete de uma vez!” foram logo metê-lo no bico do treinador, que se lembrou de que quem era tão valente seria capaz de ocupar o posto de Dom Caio.
Veio o jogador à presença do treinador que lhe perguntou:
- É verdade que rodas sete de uma vez?
- Saberá Vossa Majestade que sim.
- Então nesse caso vais comandar as minha equipa e atacar os adversários que me estão cercando.
Mandou vir o fardamento de dom Caio e fê-lo vestir ao jogador, que era muito baixinho, e que ficou com o chapéu de bicos enterrado até às orelhas; depois disse que trouxessem a bola branca de Dom Caio para o jogador jogar. Ajudaram-no a entrar para o relvado, e ele já estava a tremer como varas verdes; assim que o esférico deslizou sentiu as esporas, botou à desfilada, e o jogador a gritar:
- Eu caio, eu caio!
Todos os que o ouviam por onde passava diziam:
- Ele agora diz que é o Dom Caio; já temos homem.
O esférico, que andava acostumado às escaramuças, correu para o sítio em que se combatia, e o jogador com medo de cair ia agarrado aos calções, a gritar como um desesperado:
- Eu caio, eu caio!
O adversário, assim que viu o famoso esférico branco do capitão valente e ouviu o grito: “Eu caio, eu caio!”, conheceu o perigo em que estava, e disseram os jogadores uns para os outros:
- Estamos perdidos, que lá vem o Dom Caio; lá vem o Dom Caio!
E botaram a fugir à debandada; os jogadores do treinador foram-lhes no encalço e driblaram-nos, e o jogador ganhou assim a batalha só em agarrar-se aos calções e em gritar: “Eu caio”.
O treinador ficou muito contente com ele e, em paga da vitória, deu-lhe a princesa em casamento, e ninguém fazia senão louvar o sucessor de Dom Caio pela sua coragem.

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